Via Jornal do Brasil
As consequências da 'peleia'
entre poderes da Justiça são inimagináveis para o povo
Hoje, a discussão pública entre o
chefe do Ministério Público Federal, poder que tem a obrigação de descobrir o
crime, que acusa e aponta o crime, que liquida com a dignidade quando
comprovados os crimes - seja de políticos, empresários ou qualquer cidadão - e
a mais alta Corte do Brasil é estampada na grande mídia. O procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, coloca publicamente em dúvida, segundo ele, para o
país inteiro saber, o comportamento do ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF) Gilmar Mendes. Segundo Janot, Gilmar Mendes não teria as formalidades
necessárias da dignidade jurídica para processar ou não um determinado cidadão,
afirmando haver ligações envolvendo o escritório de advocacia de sua mulher e
este cidadão. Este mesmo escritório de advocacia, num passado bem recente,
também inviabilizou a vida de um magistrado.
Gilmar Mendes e Rodrigo Janot
Gilmar Mendes e Rodrigo Janot
As consequências destas
declarações públicas são inimagináveis para o povo brasileiro. O delinquente em
tela é sócio dos responsáveis pelo fim do estado do Rio de Janeiro, que todos
dizem não ter mais solução. É sócio da delinquência mais vergonhosa e mais
aniquiladora da imagem do Brasil no exterior, o cartão-postal do Brasil no
mundo virou outdoor da corrupção.
É de estarrecer essa discussão
não apenas entre dois homens, mas uma peleia entre dois poderes. Não poderes
antagônicos. Poderes afins para que haja "esperança" daqueles que
ainda têm esperança de o país ser moralizado.
Como pode a delinquência mais
vil, a do tóxico, a dos furtos, de um segmento mais desprotegido de sorte,
poder se sentir criminosa vendo e tomando conhecimento dessa guerra, que não é
uma guerra suja, é uma guerra de extermínio da justiça brasileira?
Admitindo que o plenário do STF
considere o ministro Gilmar Mendes suspeito, como ele poderia votar nos casos
envolvendo Eike Batista e a corja da quadrilha de Sérgio Cabral? E se não o
considerar suspeito, como fica o STF diante da opinião pública?
>> Janot quer impedimento
de Gilmar e volta de Eike à prisão
No decorrer desta terça-feira
(9), a notícia de que a filha de Janot, Leticia Ladeira Monteiro de Barros,
atua como advogada da empreiteira OAS, investigada na Lava Jato, tornou ainda
mais grave o complexo cenário. A PGR divulgou nota negando conflitos e
afirmando que não firmou nenhum acordo de leniência com a empreiteira.
O Jornal do Brasil lamenta ter
que incluir, na tarde desta terça-feira, mais observações nesta análise. O
ministro Leitão de Abreu dizia uma frase que ficou muito conhecida no meio
político e jurídico: "Quem se justifica não se explica, e quem se explica
geralmente se atrapalha."
Voltamos a repetir: como fica o
povo diante de fatos tão aterradores, diante da tentativa de destruição dos
poderes? Como fica o povo quando assiste a este processo de desmoralização dos
poderes? Primeiro, do Executivo; depois, do Legislativo; e agora a tentativa de
desmoralização do Judiciário, pilar da democracia.
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